. Rosas & Lírios: o céu e o inferno entraram em guerra. As armas? Almas humanas.

Um blog que tem sempre uma história rolando. A história atual é Rosas & Lírios, um conflito entre o céu e o inferno pela liberdade e pela posse do universo.

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O sol é minha enegia e o calor, meu combustível. O céu azul é meu sorriso mais eterno, e as penas de minhas asas foram esparramadas ao redor do teto do mundo; são as nuvens, às vezes brancas e puras, às vezes negras e corruptas. Não pude aprender a amar o frio, a noite ou a chuva - e no entanto, eles me amam mais que a tudo. E seus presentes são sempre as palavras.

Sunday, May 27, 2007

Capítulo X - Sentimentos.

Louis encarava o teto furioso. Mesmo depois de mais de três horas, ele ainda não conseguira se acalmar. A imprudência e imbecilidade de Lúcifer tinha acabado de ultrapassar todos os limites, definitivamente. Levar Christine para o Centro naquele estado de fraqueza era o cúmulo do egoísmo. O sol já tinha se posto e o silêncio da noite pesava naquela mansão enorme, ainda mais com o pensamento de que Christine não apareceria a qualquer segundo comentando qualquer coisa ou reclamando que ele estava muito parado, muito quieto, e não falava com ela ou lhe dava atenção. Ele gostava dos verões em que passavam juntos naquele casarão - só os dois, ninguém mais. O pai de Christine vinha nos fins de semana, porque era um homem ocupado. Os dois sempre passavam um longo tempo cavalgando, conversando ou jogando uma coisa ou outra. De vez em quando Christine inventava de ir até o canto favortio dela, e eles ficavam horas e horas apenas sentados um ao lado do outro, admirando o lugar. Ele tinha convivido com ela por muito tempo naquela vida. Sentia falta dela sempre que não estavam juntos, e era torturante pensar que ela estava lá embaixo, apenas com o maldito Lúcifer, e mais ninguém. Aliás, essa era a única parte de estar sozinho que era razoável: ele poderia falar mal de Lúcifer o quanto quisesse, ninguém o ameaçaria de morte por isso. Louis não entendia muito bem porque ela defendia tanto aquele infeliz. E ela o olhava torto sempre que ele contava o que realmente a verdade, e dizia que ele não sabia da metade do que realmente acontecera, e virava as costas. A verdade é que ela não sabia metade do que acontecera, mas julgava saber. Ouvindo passos a escada, Louis levantou a cabeça; era apenas Lorenzo. Voltou a deitar a cabeça nos braços e encarar o teto, imaginando a melhor forma de matar Lúcifer.

- Cadê a Christine?
- No Centro.
- Como assim, no Centro? Ela tava extremamente fraca!
- O iluminadinho agarrou ela pela cintura e desceram os dois.

Lorenzo ficou observando a expressão de ódio incontido de Louis. Tentou se decidir entre o riso e o medo, mas não conseguiu, então resolveu simplesmente sentar-se. O silêncio pesava.

- Louis...
- Sim?
- Posso te perguntar uma coisa que a Christine ainda não se dignou a me explicar?
- Só não te garanto resposta.
- Que seja. Por quê tu e o Lúcifer se odeiam tanto, se foram criados juntos e eram amigos de infância? O que afinal de contas aconteceu?
- Longa história. Mas boa pergunta. Nós nos odiamos por uma rixa, por assim dizer.
- Como assim, uma rixa?
- O que acontece é que o Lúcifer e eu, assim como tu, amamos a Christine. Ninguém pode amar duas pessoas ao mesmo tempo, nem a Christine, então nós tínhamos que lutar pra ver quem chegava primeiro, por assim dizer. Claro, no início a gente levava na esportiva, e defendemos a Chrisrtine da discriminação que ela sofria no Éden juntos. Nós choramos juntos quando descobrimos que nenhum de nós era o dono do coração dela, mas sim o grande anjo reluzente do fogo, o jovem e sábio professor do Éden, o cretino do Michael. Me envergonho até hoje da forma como descobrimos isso: resolvemos ler as anotações dela pra, afinal, descobrir se ela ao menos amava alguém. Nós éramos citados não raras vezes, mas ou como amigos ou como crianças. Ela se irritava com nossas brincadeiras não muito inocentes e nada controláveis, mas sempre falava den nós com carinho em suas anotações. Dava até a impressão de que éramos filhos dela. E isso era o pior. Não demorou muito pra encontrarmos alguma coisa sobre o Michael, o professor dos elementos. Ainda me lembro bem que no início ela o odiava, e discutira com ele muitase muitas vezes. Mas ao longo do tempo as coisas mudaram, por algum motivo que até mesmo ela desconhecia. Nós fuçamos bastante, e descobrimos alguns podres do Michael. Obviamente, resolvemos alertá-la a respeito do "Grande Anjo". Ela não nos deu ouvidos, é claro. Um pouco depois disso, a Christine descobriu que alguém mexera nas anotações dela, e eu fui apontado. Minha cabeça ficou a prêmio. Quando eu perguntei a ela como ela sabia, ela respondeu que uma pessoa tinha lhe contado, e eu deduzi que tinha sido o Lúcifer - ele era o único que sabia da nossa visitinha ao quarto da Christine. Engraçado que ele não tinha mencionado a si mesmo. No mesmo dia, ela brigou com ele por uma coisa qualquer que nós tínhamos aprontado na escola de anjos, trequinho de nada, nós só demos uma rápida olhada no laboratório. Haviam coisas macabras lá. Achei estranho ela não ter vindo brigar comigo. Descobri, mais tarde, que o próprio Lúcifer tinha enviado um bilhete se dedurando.
- Mas ainda assim, porque ele não te mencionou?
- Porque não interessava. Ele me chamou de traidor, na frente da Christine, dizendo que eu tinha dedurado ele. Tinha armado tudo aquilo só pra se fazer de coitadinho na frente dela. Claro, eu não fiquei quieto e falei que ele também era um traidor e estava presente no episódio das anotações da Christine, e que ele não poderia falar de mim. A Christine, furiosa, brigou com ambos, e ficou semanas sem falar conosco. A partir daquele dia, nós nos odiamos.
- Ainda não faz sentido. Por quê o Lúcifer também te odiaria se tu na verdade não fez nada pra ele?
- Porque eu sou uma pedra no caminho dele, entende? Ele pensa que a Christine amaria ele se eu não existisse.
- Ainda acho estranho.
- Não tem nada de estranho. Tudo aqui é perfeitamente compreensível.

Louis, já um tanto irritado com tudo aquilo, foi para seu quarto e lá ficou. Lorenzo, pensativo, resolveu sair e tomar um ar fresco, pra clarear as idéias.