. Rosas & Lírios: o céu e o inferno entraram em guerra. As armas? Almas humanas.

Um blog que tem sempre uma história rolando. A história atual é Rosas & Lírios, um conflito entre o céu e o inferno pela liberdade e pela posse do universo.

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O sol é minha enegia e o calor, meu combustível. O céu azul é meu sorriso mais eterno, e as penas de minhas asas foram esparramadas ao redor do teto do mundo; são as nuvens, às vezes brancas e puras, às vezes negras e corruptas. Não pude aprender a amar o frio, a noite ou a chuva - e no entanto, eles me amam mais que a tudo. E seus presentes são sempre as palavras.

Wednesday, January 02, 2008

Capítulo XIII - Luto

Christine ainda tentou, em vão, trazer de volta a vida o infeliz Lorenzo, dando ao morto o antídoto do veneno. Depois de esperar durante longo tempo que o antídoto surtisse efeito, desistiu. Segurando as lágrimas, Christine voltou a colocar o corpo de Lorenzo nos ombros e deixou o corpo deitado no sofá. Subiu as escadas pesadamente, para encontrar Lúcifer cuidando das feridas de Louis. A adaga na coxa dele fora cuidadosamente removida e sua perna sangrava bastante.
- Ai! AI CARA! Água faz arder!
- Ou isso, ou gangrena, escolhe.
- Aaaai!Gangrena!
- Cala essa boca! O tratamente custa um dinheirão! E sem tratamento tu ia ter que amputar a perna...
- Mas isso arde!
- Gangrena te faz perder a perna, imbecil!
Christine, um tanto confusa com a conversa, observou a cena durante um tempo, quase esquecida da morte de Lorenzo, tão maravilhada estava com a amizade repentina dos dois. Pigarreou.
- O Lorenzo morreu. - Sua voz não demonstrava qualquer abalo, qualquer tristeza. Soou clara, nítida e até mesmo fria. - Não houve o que fazer. Antes que eu terminasse o antídoto, o semblante dele empalideceu e o Lorenzo soltou o último suspiro.
- É, deu pra ouvir teu grito daqui.
- Mentira, não se ouviu nada. - Louis olhou para Lúcifer em advertência, e lhe deu um discreto tapa nas costas.
- É, é brincadeira, nem se ouviu nada, não faz essa cara... - Lúcifer se apressou em consertar, enquanto esfregava as costas e lançava um olhar de vingança para Louis - ... tu gritou?
- ...Gritei. E chorei, como vocês podem presumir. Por incrível que pareça, eu também sou capaz de sentir. A morte dele foi culpa minha.
Um silêncio pesado se abateu sobre o grupo. Encararame-se durante longo tempo. Lúcifer e Louis baixaram a cabeça.
- Lúcifer, volta já pro Centro. Amanhã pela manhã o Louis e eu vamos enterrar o Lorenzo. Depois eu vou invadir o Éden, porque o tempo urge.
- Eu não vou te deixar aqui!
- O Louis vai estar comigo.
- Tá, mas o Louis sempre baixa a cabeça pra ti.
- Não que tu não faça isso também... - Foi a resposta de um Louis censurante.
- Tá, mas quando nós dois ficamos um do lado do outro, dá coragem pra enfrentar essa cara de má da Chris...
- Mesmo que depois vocês apanhem, claro.
- Detalhe!
Uma vez que Christine não ouvisse aquele uníssono há muito tempo, esse protesto lhe atordoou um pouco, mas não o bastante:
- Lúcifer, volta pro Centro.
- Mas...
- AGORA!
- Sim, mamãe.
Imediatamente, o portal para o Centro se abriu e Lúcifer escorregou sem demora por ele. Christine virou as costas e se encaminhou para a sala. louis foi atrás dela o quanto antes.
- Tu não vai dormir?
- Não.
- Mas tu precisa dormir!
- Não.
- Christine, vai dormir!
- Não.
Christine simplesmente virou as costas, ignorando em absoluto a expressão preocupada de Louis. Ele, então, foi atrás dela pegou-a no coloe, sob uma série de protestos furiosos, a levou para o quarto.
- Chega, Chris. Tu precisa descansar. Tu foi daqui ao Centro depois de um desmaio, e quando voltou deu de cara com um ferido e um envenenado. Convocou o Lúcifer e ainda carregou o Lorenzo nas costas por uma boa distância, duas vezes. Eu não se tu viu quem foi a invasora, mas se tu viu, isso deve ter te desgastado. Tu viu um amigo morrer e discutiu com o Lúcifer. Chega. Descansa. Tu sabe melhor do que eu que teu corpo não é imortal. E tua alma também não. Eu vou velar pelo Lorenzo. Dorme.
Christine segurou as lágrimas a custo. Louis virou as costas e desceu as escadas, e ali permaneceu velando por Lorenzo. Ele tinha certeza que Christine pretendia invadir o Éden em breve, e isso o incomodava muito. Ele era, na verdade, um desertor, apesar de ter sido mandado pelo próprio Criador para a Terra, para que ele pudesse cuidar de Christine. A grande verdade era que ela é que vinha cuidando dele, mas...
- Christine, eu não te disse pra ir dormir?
- Eu não consigo.
- Tenta de novo.
- Eu não consigo!
Christine sentou-se ao lado de Louis, à frente do corpo de Lorenzo. Ela mirou o corpo sem vida do amigo surante longo tempo. Louis olhava para ela.
- A culpa não foi tua.
- Não, claro que não. A culpa é minha. se eu tivese dito pra ele não vir, se tivesse inventado uma desculpa qualquer, se tivesse mandadoele de volta pra casa, qualquer coisa... Se ele nunca tivesse me conhecido!
- Mas que besteira! Ele ficou aqui porque ele quis. O Lúcifer avisou. Ele foi envenenadi porque quis. Eu disse pra ele correr, mas o lorenzo se meteu na minha frente e acabou sendo envenenado.
Sem conseguir se conter, Christine se atirou nos braços de louis, soluçando desesperadamente.
- Quando? Quando as pessoas que eu mais amo vão parar de sofrer só porque me conhecem? porque Deus ouve o Michael? Porque aquele pirralho desgraçado não me mata, ao invés de matar tudo o que eu estimo?
- Porque tu não daria tua vida de graça pros proprósitos cretinos do Michael, porque tu lutaria com ele (e venceria, tu sabe disso), porque as pessoas que te amam preferem morrer por ti a te perder!
- Então eu quero que me odeiem.
- Fica quieta! Nem parece a Christine que eu conheço.
- Tu nunca me conheceu.
- Tu que pensa.
Christine abraçou Louis e ali ficaram, velando pela alma de Lorenzo, até o dia seguinte.