Capítulo Décimo.
- Meninas, acordem! Eles devem chegar daqui a quinze minutos, vocês tem que pôr a cabeça pra funcionar antes de eles chegarem.
- Quinze minutos? Ai, não dava pra acordar a gente mais cedo?
- Mais cedo? Num dava pra chamar quando eles chegarem? Tô morrendo de sono...
- Vamo, Ana Paula, tu quer ou não tirar o Guilherme dessa fria?
- Tá, tá, tô levantando.
- Eae, mana, colocou a cabeça pra funcionar nos sonhos? Tem um plano pronto na cabeça já?
- Quase....
- Eu tava brincando o.O
- Mas eu não. A gente precisa agir o mais rápido possível.
A Anne já tava vestida. Eu tava esfregando o olho, morrendo de sono, ainda tentando enfiar na cabeça que tudo o que tinha acontecido no dia anterior era real, que o desgraçado do Cristiano realmente tinha pego o Guilherme e feito de isca, quase tinha matado o garoto, que o que parecia que ia ser a noite perfeita tinha se transformado em um pesadelo. A Mari, terminando de se vestir, sorria pra mim e tentava me acordar de todas as formas, e eu sabia, pelos olhos dela, que ela estava preocupada não com o Guilherme, mas sim comigo. A Mari sempre me achou muito frágil e sempre achou que qualquer coisinha me traumatizaria. Com certa razão, até. Anne costumava dizer que se Mariana era avoada, eu era frágil até demais, e deveria me cuidar triplamente. Cara, coisa que as vezes me dava raiva era o fato de que a Anne podia falar da gente, ela era forte o bastante pra isso e sabia se cuidar. Isso me dava raiva de mim mesma, pombas, porque eu não tinha nascido assim? Ah, bem, que seja. Algum dia eu ia aprender. E a campainha tocou. E eu nem tava vestida ainda, bocejando, toda cansada. A Mari terminando de se vestir, a Anne vestida, arrumada, com a cabeça funcionando a mil e a tempos, pelo visto. Caramba, não dava pra entender como alguém era tão dinâmica tão cedo da manhã. A mãe das meninas atendeu, pediu que eles sentassem na sala, eu comecei a acordar e me dar conta do que estava acontecendo: o Gui corria risco de vida.
- Mari, acorda logo a Ana Paula. Eu vou lá falar com eles.
- Ok.
Eu comecei a me vestir com pressa, eu finalmente tinha caído na real e descoberto que eu não sabia o que fazer. Estava quase caindo no choro de novo, mas eu olhava pras meninas, sempre de cabeça pra cima e olhando pra frente, confiantes de si mesmas e de mim e acabava não chorando. O mais rápido possível eu me arrumei, terminei de me vestir e fui pra sala.
- ...Agora, como exatamente a gente vai fazer isso? A gente não... - Anne nos viu entrando na sala. Cara, ela tinha que ser política quando adulta. ELA ia dar certo. - Bom dia, Aninha. - Voltou pros guris. Como é que alguém conseguia funcionar daquele jeito de manhã tão cedo, porra? - A gente não tem vias pra fazer isso. A gente não sabe nada. E não tem como saber antes de conseguir falar com os cretinos antes... Mas aí vai ser tarde demais.
- A gente tem vias. Todos os dias eu passo por onde eles normalmente ficam, eles são burros o bastante pra manter o Guilherme lá.
- Onde eles ficam? Não pode ser tão grande pra ser um cativeiro...
- E é. Eu também já passei por lá.É uma casa velha, abandonada, caindo aos pedaços. Eles ficam lá, planejando a próxima praça a ser depredada ou ouvindo o cretino do Cristiano contar como ele quase matou de tristeza a última garota. De vez em quando o Cristiano leva algumas das vítimas dele com amiguinhas pra lá, e só deus sabe o que não fazem com as coitadas.
- Mas seria muita burrice...
- E tu acha que eles são grandes gênios?
- Tá, tudo bem...
- Que casa é essa?
- Fica a três quadras da minha casa. Aquele casebre onde um homem matou a filha...
- Depois de estuprar ela? Sim, eu sei que casebre é esse. Bem a cara daqueles filhos da puta. Mas daria muito na cara, é muito fácil de alguém ouvir gritos de ajuda e muito mendigo passa a noite naquele casebre...
- Não custa nada tentar. Eu posso dar uma olhada se tu quiser.
- É muito arriscado. Eu vou junto.
- Vamos os três, eu quero saber exatamente com o quê eu vou estar lidando.
- Como assim, tu?
- PÁRA! Pára tudo! Eu sou a principal interessada aqui e não faço nem idéia do que vocês tão tramando...
- Nós vamos descobrir pra onde o Guilherme foi levado. Eu e o Alex vamos até lá, tiramos o Guilherme do cativeiro, e quando o serviço estiver feito, tu vai receber uma mensagem, alguns policiais vão estar no colégio, tu anuncia o rapto do Gui e o Cristiano vai em cana. Sequestro é um crime meio grave pra que ele simplesmente não responda. No mínimo pra Fase* ele vai ser mandado.
- Não era mais fácil chamar a polícia direto pro local...? Tu sabe, os amiguinhos do Cristiano vão estar a postos pra torturar e talvez até matar o Gui caso eu não faça o que o Cristiano quer.
- Exatamente. Polícia faz barulho. Eles vão fugir e aí vai ser pior pro Guilherme. Não é muito difícil descobrir quem provavelmente chamou a polícia.
- Entendo. Mas não era mais fácil irem o Alex e o Will, e tu ir pro colégio conosco?
- Não. Vai dar na cara.
- Vai?
- Vai. Os dois melhores da turma faltando no mesmo dia...? E mais, sabendo que o Guilherme foi capturado e que o Cristiano tá aprontando alguma?
- Mas então daria na cara se qualquer um de nós faltasse.
- Não, maninha. Tu e o Will entram aí. É sabido na escola inteira que eu e o Alex namoramos. A frase máxima que tu precisa dizer é "Eles saíram ontem a noite..." e a imaginação dos nossos coleguinhas vai se encarregar do resto. O Will vai fazer o mesmo na turma dele, e vai ajudar a polícia. Eu não posso mandar vocês dois pro "campo de batalha", tu é muito frágil e se o Will fosse no lugar no Alex, não poderíamos fazer o que eu quero. De qualquer forma, alguém precisa mandar um recado mais discreto que uma mensagem de celular pra Aninha. Combinem um sinal, a mensagem de celular vai ser pra a Mari.
- Será que isso vai dar certo?
- Vai.
- Como é que vocês pensaram em tudo isso de manhã tão cedo?
- Na verdade, quem mais pensou foi a Anne. Nossa cabeça não funciona assim a essa hora...
- Quê isso. - fazia algum tempo eu não via a Anne vermelha. Uns dois anos, acho. - Olha, você tão com cara de fome. Eu posso pedir pra minha mãe fazer o café da manhã.
- Nã, nã, eu faço. Alguma coisa eu tenho que fazer, pombas.
- AH! Beleza. A Aninha cozinha super bem. Vai lá. Hoje a tarde eu quero fazer o reconhecimento do local, meninos.
- Ok.
- Beleza.
***
- Porra, esse lugar pode cair na nossa cabeça a qualquer segundo.
- É, eu sei. Pombas, a gente já olhou em tudo quanto é lugar. Não tem nada aqui.
- Só tem uma coisa me intrigando. Aquele bueiro seco lá fora, e o fato de que só uma peça dessa casa tem o piso de madeira. Não faz sentido.
- Não esquenta a cabeça com essas coisas. Provavelmente não tem nada aqui. A gente vai ter que descobrir onde eles esconder... Anne, que tu quer aí?
- Me ajuda a levantar esse tapete.
- Pra quê?
- Anda!
- Mas que desperdício de força e t... PORRA!
- Ah, eu falei. O que seria de vocês sem mim?
- Olha, tô ouvindo alguma coisa.
- SOCORRRO!
- Eu falei. Guilherme! Desculpe, a gente só pode te tirar daí amanhã, se não a Aninha corre risco de v...
- Ouço passos.
- Eu também.
- Vambora.
- Desculpe!
.~.~.~.~.~.~.~
Fase = Não sei é assim também em outros estados, mas aqui é a antiga febem.
- Quinze minutos? Ai, não dava pra acordar a gente mais cedo?
- Mais cedo? Num dava pra chamar quando eles chegarem? Tô morrendo de sono...
- Vamo, Ana Paula, tu quer ou não tirar o Guilherme dessa fria?
- Tá, tá, tô levantando.
- Eae, mana, colocou a cabeça pra funcionar nos sonhos? Tem um plano pronto na cabeça já?
- Quase....
- Eu tava brincando o.O
- Mas eu não. A gente precisa agir o mais rápido possível.
A Anne já tava vestida. Eu tava esfregando o olho, morrendo de sono, ainda tentando enfiar na cabeça que tudo o que tinha acontecido no dia anterior era real, que o desgraçado do Cristiano realmente tinha pego o Guilherme e feito de isca, quase tinha matado o garoto, que o que parecia que ia ser a noite perfeita tinha se transformado em um pesadelo. A Mari, terminando de se vestir, sorria pra mim e tentava me acordar de todas as formas, e eu sabia, pelos olhos dela, que ela estava preocupada não com o Guilherme, mas sim comigo. A Mari sempre me achou muito frágil e sempre achou que qualquer coisinha me traumatizaria. Com certa razão, até. Anne costumava dizer que se Mariana era avoada, eu era frágil até demais, e deveria me cuidar triplamente. Cara, coisa que as vezes me dava raiva era o fato de que a Anne podia falar da gente, ela era forte o bastante pra isso e sabia se cuidar. Isso me dava raiva de mim mesma, pombas, porque eu não tinha nascido assim? Ah, bem, que seja. Algum dia eu ia aprender. E a campainha tocou. E eu nem tava vestida ainda, bocejando, toda cansada. A Mari terminando de se vestir, a Anne vestida, arrumada, com a cabeça funcionando a mil e a tempos, pelo visto. Caramba, não dava pra entender como alguém era tão dinâmica tão cedo da manhã. A mãe das meninas atendeu, pediu que eles sentassem na sala, eu comecei a acordar e me dar conta do que estava acontecendo: o Gui corria risco de vida.
- Mari, acorda logo a Ana Paula. Eu vou lá falar com eles.
- Ok.
Eu comecei a me vestir com pressa, eu finalmente tinha caído na real e descoberto que eu não sabia o que fazer. Estava quase caindo no choro de novo, mas eu olhava pras meninas, sempre de cabeça pra cima e olhando pra frente, confiantes de si mesmas e de mim e acabava não chorando. O mais rápido possível eu me arrumei, terminei de me vestir e fui pra sala.
- ...Agora, como exatamente a gente vai fazer isso? A gente não... - Anne nos viu entrando na sala. Cara, ela tinha que ser política quando adulta. ELA ia dar certo. - Bom dia, Aninha. - Voltou pros guris. Como é que alguém conseguia funcionar daquele jeito de manhã tão cedo, porra? - A gente não tem vias pra fazer isso. A gente não sabe nada. E não tem como saber antes de conseguir falar com os cretinos antes... Mas aí vai ser tarde demais.
- A gente tem vias. Todos os dias eu passo por onde eles normalmente ficam, eles são burros o bastante pra manter o Guilherme lá.
- Onde eles ficam? Não pode ser tão grande pra ser um cativeiro...
- E é. Eu também já passei por lá.É uma casa velha, abandonada, caindo aos pedaços. Eles ficam lá, planejando a próxima praça a ser depredada ou ouvindo o cretino do Cristiano contar como ele quase matou de tristeza a última garota. De vez em quando o Cristiano leva algumas das vítimas dele com amiguinhas pra lá, e só deus sabe o que não fazem com as coitadas.
- Mas seria muita burrice...
- E tu acha que eles são grandes gênios?
- Tá, tudo bem...
- Que casa é essa?
- Fica a três quadras da minha casa. Aquele casebre onde um homem matou a filha...
- Depois de estuprar ela? Sim, eu sei que casebre é esse. Bem a cara daqueles filhos da puta. Mas daria muito na cara, é muito fácil de alguém ouvir gritos de ajuda e muito mendigo passa a noite naquele casebre...
- Não custa nada tentar. Eu posso dar uma olhada se tu quiser.
- É muito arriscado. Eu vou junto.
- Vamos os três, eu quero saber exatamente com o quê eu vou estar lidando.
- Como assim, tu?
- PÁRA! Pára tudo! Eu sou a principal interessada aqui e não faço nem idéia do que vocês tão tramando...
- Nós vamos descobrir pra onde o Guilherme foi levado. Eu e o Alex vamos até lá, tiramos o Guilherme do cativeiro, e quando o serviço estiver feito, tu vai receber uma mensagem, alguns policiais vão estar no colégio, tu anuncia o rapto do Gui e o Cristiano vai em cana. Sequestro é um crime meio grave pra que ele simplesmente não responda. No mínimo pra Fase* ele vai ser mandado.
- Não era mais fácil chamar a polícia direto pro local...? Tu sabe, os amiguinhos do Cristiano vão estar a postos pra torturar e talvez até matar o Gui caso eu não faça o que o Cristiano quer.
- Exatamente. Polícia faz barulho. Eles vão fugir e aí vai ser pior pro Guilherme. Não é muito difícil descobrir quem provavelmente chamou a polícia.
- Entendo. Mas não era mais fácil irem o Alex e o Will, e tu ir pro colégio conosco?
- Não. Vai dar na cara.
- Vai?
- Vai. Os dois melhores da turma faltando no mesmo dia...? E mais, sabendo que o Guilherme foi capturado e que o Cristiano tá aprontando alguma?
- Mas então daria na cara se qualquer um de nós faltasse.
- Não, maninha. Tu e o Will entram aí. É sabido na escola inteira que eu e o Alex namoramos. A frase máxima que tu precisa dizer é "Eles saíram ontem a noite..." e a imaginação dos nossos coleguinhas vai se encarregar do resto. O Will vai fazer o mesmo na turma dele, e vai ajudar a polícia. Eu não posso mandar vocês dois pro "campo de batalha", tu é muito frágil e se o Will fosse no lugar no Alex, não poderíamos fazer o que eu quero. De qualquer forma, alguém precisa mandar um recado mais discreto que uma mensagem de celular pra Aninha. Combinem um sinal, a mensagem de celular vai ser pra a Mari.
- Será que isso vai dar certo?
- Vai.
- Como é que vocês pensaram em tudo isso de manhã tão cedo?
- Na verdade, quem mais pensou foi a Anne. Nossa cabeça não funciona assim a essa hora...
- Quê isso. - fazia algum tempo eu não via a Anne vermelha. Uns dois anos, acho. - Olha, você tão com cara de fome. Eu posso pedir pra minha mãe fazer o café da manhã.
- Nã, nã, eu faço. Alguma coisa eu tenho que fazer, pombas.
- AH! Beleza. A Aninha cozinha super bem. Vai lá. Hoje a tarde eu quero fazer o reconhecimento do local, meninos.
- Ok.
- Beleza.
***
- Porra, esse lugar pode cair na nossa cabeça a qualquer segundo.
- É, eu sei. Pombas, a gente já olhou em tudo quanto é lugar. Não tem nada aqui.
- Só tem uma coisa me intrigando. Aquele bueiro seco lá fora, e o fato de que só uma peça dessa casa tem o piso de madeira. Não faz sentido.
- Não esquenta a cabeça com essas coisas. Provavelmente não tem nada aqui. A gente vai ter que descobrir onde eles esconder... Anne, que tu quer aí?
- Me ajuda a levantar esse tapete.
- Pra quê?
- Anda!
- Mas que desperdício de força e t... PORRA!
- Ah, eu falei. O que seria de vocês sem mim?
- Olha, tô ouvindo alguma coisa.
- SOCORRRO!
- Eu falei. Guilherme! Desculpe, a gente só pode te tirar daí amanhã, se não a Aninha corre risco de v...
- Ouço passos.
- Eu também.
- Vambora.
- Desculpe!
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Fase = Não sei é assim também em outros estados, mas aqui é a antiga febem.
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