Capítulo sexto,parte dois
Terça-feira, um dia a mais. Preparação, terça-feira era sempre preparação. Porque quarta sempre foi o melhor dia da semana pra ele, mas não sem sangue.
Verificou se os presentes continuavam debaixo da cama, tinha a mania de que as coisas sumiam do seu quarto durante a noite. É, estavam lá.
Foi pra escola. Sabendo do que tinha que fazer precisava dos seus fiéis escudeiros. Sua turminha.
Will nunca fora de muitos amigos, mas quando arranjava um era pra tudo. Seus primeiros amigos foram Marcos e Guilherme. Se conheceram na primeira série. Eram todos do mesmo estilo, calados e nerds.
Conforme foram crescendo descobriram outros gostos em comum, como o amor ao rock por exemplo. Não demorou muito e eles formaram a primeira banda, de punk.
A Molten Eyes durou 3 meses e 5 dias durante a quinta série, durante os quais eles mais se divertiram que fizeram música.
Na sexta série, mais duas pessoas entraram pro seu círculo social (de raio extremamente reduzido): Vivian e Carlos, que se provaram respectivamente exímios vocalista e guitarrista. O levou a banda a mudar de estilo e, conseqüentemente, o nome. Iris of The Air foi a única banda de Death Metal com vocal feminino e componentes de 12 a 13 anos que jamais existiu. Durante 6 meses, e dali sim saíram clássicos.
Mas revolução total da banda (que era, por um acaso, todo o círculo social de Will) aconteceu na sétima série. Ele, Marcos e Guilherme se separaram pela primeira vez. Cada um caiu em uma turma, e (que sorte não?) não havia possibilidade mudança porque todas estavam lotadas ¬¬".
Desta forma Marcos caiu na mesma sala que Diego, um cara viciado em rock e música eletrônica, mas principalmente na mistura dos dois. E que, por um acaso, era DJ.
Guilherme caiu na sala de Paula, sem dúvida a garota mais rejeitada da escola, e a mais talentosa com certeza. Tocava piano como se aquilo fosse a coisa mais fácil do mundo, além disso tinha uma voz perfeita de soprano. E tinha uma incrível facilidade pra agudos na guitarra, o que proporcionava ótimos solos.
Will viu que Death Metal não era o caminho, definitivamente. Era muito limitado. Mas ali ele tinha uma DJ, alguns guitarristas, e, como a Vivian comprasse uma percussão, uma percussionista ao melhor estilo Slipknot. Isso só podia significar uma coisa. New Metal.
A banda deslanchara naquele ano, quase um album gravado. Mas então Will se mudou. E sem Will, a banda não era mais uma banda. Esperariam por sua volta.
E eis que ele voltara. E, por incrível que pareça, caíram todos na mesma sala. A O.S.S. (Original Source of Sanity) estava de volta.
Mas não era só musicalmente que eles eram talentosos. Carlos tinha um incrível dom de conseguir gravar qualquer palavra de qualquer pessoa, o que lhe dava trunfos em qualquer discussão. Era por isso que ele sempre levava um gravador no bolso.
Vivian já tinha lido todas as cartas que transitaram na mesma sala em que ela estava. Marcos e Guilherme, embora fossem pacíficos, eram enormes, o que lhes dava uma vantagem em brigas. Mas normalmente só usavam o suficiente para separar o pessoal.
Diego tinha a maior rede de contatos já vista no colegial de qualquer país em qualquer época: 3 perfis lotados de pessoas, que REALMENTE conhecia.
Will sabia que ia precisar de toda ajuda disponível em seu plano "Reconcialiamento Geral". Mas não era possível nem seguro, mesmo se estando na mesma sala, conversar as coisas importantes com calma na escola.
De modo que Will marcou o primeiro ensaio da volta do O.S.S. naquela terça à tarde.
Duas horas estavam todos lá, e os instrumentos já estavam há alguns anos. Mas eles não ensaiaram. Will disse que havia algo mais importante, e a desculpa do ensaio era por causas de segurança (já mencionei que ele era um tanto paranóico?).
Começou então a discorrer sobre o plano:
-Bem, o ensaio fica pra próxima, infelizmente. Tenho umas coisinhas pra pedir pra vocês.
[Marcos] - Diga, mestre.
[Guilherme] - É, 'tamo ae pra isso.
- Valeu. Bem, Vivian vou precisar que você me arrume todas as cartas que o tal do Cris escreveu pra qualquer garota nas últimas duas semanas. Se existirem. Você acha que consegue?
[Vivian] - Hum, bem nunca fiz algo do tipo. Não conheço TODAS as garotas do colégio, Will.
- Ah, erm... - gaguejou desconcertado, e então excitado exclamou - OMFG!!! Como não pensei nisso antes. Diego, apresente à ela todas as garotas que ela achar necessário, oka?
[Diego] - Má só se me der um aumento, oras. - mas acentiu com a cabeça
- Valeu. Carlos, vou precisar que você arranje todos os depoimentos que incriminem o Cris, mas seja discreto porque não quero que ele saiba.
[Carlos] - Incriminar?
- Ah, é... não contei ¬¬". O Cris e a Aninha (amiga da Anne), estão juntos. E o safado era fim da Anne. De modo que, a hora que ela viu que não ia adiantar tentar fazer ciúme na Anne ficando com a Ana, ele colocou na cabeça da Ana que a Angelique 'tava afim dele. Menina boba da porra.
- Ahn, então você quer os amigos dele entreguem que ele tentou ficar com a Anne?
- É, na verdade disso eu já tenho provas. Eu precisava saber se ele tentou ficar com outra garota. Porque, do jeito que ele é, não deve ter ficado chupando o dedo.
- Opa, entendi. Bem, vou ver o que consigo.
- Hum, então... acho que era só isso.
- Nada pra nós? - disse com seu habitual tom de voz triste e belo. E apontou para Marcos e Guilherme.
- Bem, pelo que eu planejei, não. Quer dizer, vou precisar da cobertura dos dois pra caso o Cris tenha uma trupe de malandros atrás das árvores, o que não duvido muito, do jeito que ele é covarde.
- Então... - sorriu - vou poder dormir mais um pouco hoje à tarde. E, Will, quando vamos ensaiar? 'To louca pra começar de novo.
- Hum, se tudo der certo quinta.
- Wellp, tudo bem. Posso ir indo?
- É Will, isso aqui já 'tá dando no saco.
- Ah, sim claro que podem.
Todos se despediram, e saíram. Assim que viu o cabelo dourado de Vivian sumir na esquina, virou-se pegou seu sobretudo (estava muito frio lá fora), e foi para o parque. Descobrira de manhã que o Cris e a Ana iam lá esta tarde. Precisava ver como ele agia com ela para poder saber o que falar no dia seguinte.
Estavam lá, um ao lado do outro. Pelo que podia ver, ela falava sem parar e ele fingia que ouvia enquanto se interessava mais pela paisagem.
Pensou que aquela garota era realmente chata, lembrou-se da voz irritante que ela tinha. Nesse momento não conseguiu culpar Cris por querer se livrar dela. Ainda imaginava como a Anne e a Mary conseguiam aguentá-la. Aliás, se a Ana não fosse amiga das duas ele nem estaria fazendo aquilo tudo. Cris era seu inimigo, mas não era da sua conta o fato de ele estar enganando uma garota e machucando outra. A não ser que uma delas fosse sua amiga.
O sol foi se pondo, e seus pensamentos saíram daquele banco a vinte metros de distância e se voltaram para Mary. Uma garota tão perfeita. Sempre sonhara com ela desde que a conhecera. Talvez um dia viesse a tê-la. Talvez.
Acordou ainda estava no parque, uma fina garoa começara a cair. Tinha que voltar pra casa. Amanhã era uma quarta-feira. E quartas-feiras, pelo menos pra ele, sempre foram grandes dias.
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Por Uriel
Verificou se os presentes continuavam debaixo da cama, tinha a mania de que as coisas sumiam do seu quarto durante a noite. É, estavam lá.
Foi pra escola. Sabendo do que tinha que fazer precisava dos seus fiéis escudeiros. Sua turminha.
Will nunca fora de muitos amigos, mas quando arranjava um era pra tudo. Seus primeiros amigos foram Marcos e Guilherme. Se conheceram na primeira série. Eram todos do mesmo estilo, calados e nerds.
Conforme foram crescendo descobriram outros gostos em comum, como o amor ao rock por exemplo. Não demorou muito e eles formaram a primeira banda, de punk.
A Molten Eyes durou 3 meses e 5 dias durante a quinta série, durante os quais eles mais se divertiram que fizeram música.
Na sexta série, mais duas pessoas entraram pro seu círculo social (de raio extremamente reduzido): Vivian e Carlos, que se provaram respectivamente exímios vocalista e guitarrista. O levou a banda a mudar de estilo e, conseqüentemente, o nome. Iris of The Air foi a única banda de Death Metal com vocal feminino e componentes de 12 a 13 anos que jamais existiu. Durante 6 meses, e dali sim saíram clássicos.
Mas revolução total da banda (que era, por um acaso, todo o círculo social de Will) aconteceu na sétima série. Ele, Marcos e Guilherme se separaram pela primeira vez. Cada um caiu em uma turma, e (que sorte não?) não havia possibilidade mudança porque todas estavam lotadas ¬¬".
Desta forma Marcos caiu na mesma sala que Diego, um cara viciado em rock e música eletrônica, mas principalmente na mistura dos dois. E que, por um acaso, era DJ.
Guilherme caiu na sala de Paula, sem dúvida a garota mais rejeitada da escola, e a mais talentosa com certeza. Tocava piano como se aquilo fosse a coisa mais fácil do mundo, além disso tinha uma voz perfeita de soprano. E tinha uma incrível facilidade pra agudos na guitarra, o que proporcionava ótimos solos.
Will viu que Death Metal não era o caminho, definitivamente. Era muito limitado. Mas ali ele tinha uma DJ, alguns guitarristas, e, como a Vivian comprasse uma percussão, uma percussionista ao melhor estilo Slipknot. Isso só podia significar uma coisa. New Metal.
A banda deslanchara naquele ano, quase um album gravado. Mas então Will se mudou. E sem Will, a banda não era mais uma banda. Esperariam por sua volta.
E eis que ele voltara. E, por incrível que pareça, caíram todos na mesma sala. A O.S.S. (Original Source of Sanity) estava de volta.
Mas não era só musicalmente que eles eram talentosos. Carlos tinha um incrível dom de conseguir gravar qualquer palavra de qualquer pessoa, o que lhe dava trunfos em qualquer discussão. Era por isso que ele sempre levava um gravador no bolso.
Vivian já tinha lido todas as cartas que transitaram na mesma sala em que ela estava. Marcos e Guilherme, embora fossem pacíficos, eram enormes, o que lhes dava uma vantagem em brigas. Mas normalmente só usavam o suficiente para separar o pessoal.
Diego tinha a maior rede de contatos já vista no colegial de qualquer país em qualquer época: 3 perfis lotados de pessoas, que REALMENTE conhecia.
Will sabia que ia precisar de toda ajuda disponível em seu plano "Reconcialiamento Geral". Mas não era possível nem seguro, mesmo se estando na mesma sala, conversar as coisas importantes com calma na escola.
De modo que Will marcou o primeiro ensaio da volta do O.S.S. naquela terça à tarde.
Duas horas estavam todos lá, e os instrumentos já estavam há alguns anos. Mas eles não ensaiaram. Will disse que havia algo mais importante, e a desculpa do ensaio era por causas de segurança (já mencionei que ele era um tanto paranóico?).
Começou então a discorrer sobre o plano:
-Bem, o ensaio fica pra próxima, infelizmente. Tenho umas coisinhas pra pedir pra vocês.
[Marcos] - Diga, mestre.
[Guilherme] - É, 'tamo ae pra isso.
- Valeu. Bem, Vivian vou precisar que você me arrume todas as cartas que o tal do Cris escreveu pra qualquer garota nas últimas duas semanas. Se existirem. Você acha que consegue?
[Vivian] - Hum, bem nunca fiz algo do tipo. Não conheço TODAS as garotas do colégio, Will.
- Ah, erm... - gaguejou desconcertado, e então excitado exclamou - OMFG!!! Como não pensei nisso antes. Diego, apresente à ela todas as garotas que ela achar necessário, oka?
[Diego] - Má só se me der um aumento, oras. - mas acentiu com a cabeça
- Valeu. Carlos, vou precisar que você arranje todos os depoimentos que incriminem o Cris, mas seja discreto porque não quero que ele saiba.
[Carlos] - Incriminar?
- Ah, é... não contei ¬¬". O Cris e a Aninha (amiga da Anne), estão juntos. E o safado era fim da Anne. De modo que, a hora que ela viu que não ia adiantar tentar fazer ciúme na Anne ficando com a Ana, ele colocou na cabeça da Ana que a Angelique 'tava afim dele. Menina boba da porra.
- Ahn, então você quer os amigos dele entreguem que ele tentou ficar com a Anne?
- É, na verdade disso eu já tenho provas. Eu precisava saber se ele tentou ficar com outra garota. Porque, do jeito que ele é, não deve ter ficado chupando o dedo.
- Opa, entendi. Bem, vou ver o que consigo.
- Hum, então... acho que era só isso.
- Nada pra nós? - disse com seu habitual tom de voz triste e belo. E apontou para Marcos e Guilherme.
- Bem, pelo que eu planejei, não. Quer dizer, vou precisar da cobertura dos dois pra caso o Cris tenha uma trupe de malandros atrás das árvores, o que não duvido muito, do jeito que ele é covarde.
- Então... - sorriu - vou poder dormir mais um pouco hoje à tarde. E, Will, quando vamos ensaiar? 'To louca pra começar de novo.
- Hum, se tudo der certo quinta.
- Wellp, tudo bem. Posso ir indo?
- É Will, isso aqui já 'tá dando no saco.
- Ah, sim claro que podem.
Todos se despediram, e saíram. Assim que viu o cabelo dourado de Vivian sumir na esquina, virou-se pegou seu sobretudo (estava muito frio lá fora), e foi para o parque. Descobrira de manhã que o Cris e a Ana iam lá esta tarde. Precisava ver como ele agia com ela para poder saber o que falar no dia seguinte.
Estavam lá, um ao lado do outro. Pelo que podia ver, ela falava sem parar e ele fingia que ouvia enquanto se interessava mais pela paisagem.
Pensou que aquela garota era realmente chata, lembrou-se da voz irritante que ela tinha. Nesse momento não conseguiu culpar Cris por querer se livrar dela. Ainda imaginava como a Anne e a Mary conseguiam aguentá-la. Aliás, se a Ana não fosse amiga das duas ele nem estaria fazendo aquilo tudo. Cris era seu inimigo, mas não era da sua conta o fato de ele estar enganando uma garota e machucando outra. A não ser que uma delas fosse sua amiga.
O sol foi se pondo, e seus pensamentos saíram daquele banco a vinte metros de distância e se voltaram para Mary. Uma garota tão perfeita. Sempre sonhara com ela desde que a conhecera. Talvez um dia viesse a tê-la. Talvez.
Acordou ainda estava no parque, uma fina garoa começara a cair. Tinha que voltar pra casa. Amanhã era uma quarta-feira. E quartas-feiras, pelo menos pra ele, sempre foram grandes dias.
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Por Uriel
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