Capítulo I - Vida nova.
Ela tinha chegado, finalmente. O ano anterior tinha deixado muitas lembranças boas, mas esse sem dúvidas seria muito, mas muito melhor.
- Essa que é a casa, Christine?
- Sim, é essa mesma, Lorenzo.
Lorenzo. Ele realmente era um garoto bonito, três anos mais velho que Christine, alto, loiro com o cabelo propositalmente bagunçado, sempre com aquele ar de diversão. Era simpático, esperto e inteligente. Ela sentia muito por ele, gostava muito dele e sabia que ele tinha grandes expectativas para aquele verão, mas ele provavavelmente teria uma grande decepção. Ela finalmente, depois de 17 anos, tinha conseguido se lembrar de todo o seu passado, e as conseqüencias tinham sido que ela havia ganho todo o seu antigo poder com isso. Ela ainda não sabia se gostava da idéia de Lorenzo envolvido com tudo aquilo, mas ela já o havia convidado quando se lembrara de sua outra vida.
- É realmente muito bonita! E ainda maior que a outra! Achei que aquela fosse a casa onde a gente ia ficar, mas era a do caseiro... Mas era uma casa de dois andares, gigante... Vocês...
- Não, não a gente não é tão rico quanto tu tá pensando. - Christine riu da expressão dele, mas riu daquele seu jeito gracioso. Não tinha deboche no seu riso. - A maior parte de tudo isso é herança mesmo, mas a gente vive bem, sim.
- Pombas, como é que tu pode estudar naquela escola de pé rapado? E ainda por cima ser tão... - Lorenzo a olhou de cima a baixo. - ... simples?
- O ensino é muito bom, se quiser saber. Eu gosto das pessoas de lá e não me dou muito bem com esses riquinhos que cercam a minha casa, são todos falsos. Eu realmente não gosto daquilo tudo. Pra mim é tudo fachada, da parte deles, sabe? E eu não sou tão simples assim.
- E modesta. Às vezes eu olho pra ti e penso ver asas de anjo...
- Sé... Sério?
- Pode até parecer loucura, mas é verdade. Ei, não precisa fazer essa cara tão surpresa. Eu não tô te cantando. É sério!
Christine se surpreendeu muito com o que ele tinha dito. Ela nunca tinha achado que seu passado era tão visível assim. É claro, ela agora sabia porque causava tanta admiração e inveja nas pessoas e porque afinal de contas era tão acima da média (podia até parecer pouca modéstia, mas era algo que saltava aos olhos), mas ela não achava que sua principal marca - as asas - fosse visível aos olhos de um humano comum. Ou talvez... era muito estranho o fato de que Lorenzo fosse o único a ter sobrevivido a uma tragédia... Não, não, não deveria ser. Apenas eram possíveis oito anjos na Terra simultaneamente e com certeza ele não era um dos milhares de demônios espalhados por aí. Aliás, ela se perguntava como o Éden pretendia ganhar aquela gue...
- Christine? Tudo bem?
- Hã? Ah, claro, claro.
- Tu tava com uma expressão tão séria... Tão... Sei lá...
- Eu tava só pensando.
Lorenzo sentou-se em um dos três troncos espalhados pelo enorme campo florido do sítio e ficou a observar. Christine sentou-se ao seu lado.
- É um lugar bonito... Bem como tu me disse...
- Sim, é lindo... E fica ainda mais lindo quando a gente anda de cavalo aqui. Eu posso te emprestar mais tarde um dos meus dois cavalos, o Christopher ou o Marcel.
- Qual o melhor?
- Não sei. Quando faço os dois correrem, sempre dá empate.
- Qual a grande diferença então?
- O Christopher é negro como a cegueira e o Marcel é branco como as nuvens.
- Suponho que teu favorito seja o Christopher?
- Como tu pode saber?
- Pelo nome. Christine, Christopher. Parece uma dupla perfeita.
- E é. Ele é lindo e um grande corredor. Não que o Marcel não o seja, mas o Christopher corre de um jeito mais gracioso... Mais macio. Não sei te explicar.
- Nem precisa. Cara, esse lugar é realmente lindo!
- É mesmo.
Christine parou para observar o lugar, pela milésima vez na vida. Ela nunca cansava de se olhar pra aquela paisagem. Um campo limpo, vasto e florido, com o pomar de maçãs - sua fruta favorita -, laranjas, goiabas, ameixas, amoras e muitas outras frutas ao fundo, acompanhados de um pequeno lago, que brilhava em seu verde esmeralda espelhado pelo sol. Mas, apesar de toda aquela beleza, aquele não era seu lugar favorito.
- Olha, vamo largar as malas lá dentro, depois eu vou te mostrar meu lugar favorito, é o canto ao ar livre mais lindo daqui.
- Tem um lugar mais bonito que esse campo? Meu deus. Deve ser realmente o próprio paraíso.
- É melhor.
***
Louis chegou no seu sítio. Estava com saudades. Mas esse verão as coisas seriam diferentes. Muito diferentes. A primeira coisa depois de se organizar era falar com Christine e descobrir se ela também recuperara a memória.
- Essa que é a casa, Christine?
- Sim, é essa mesma, Lorenzo.
Lorenzo. Ele realmente era um garoto bonito, três anos mais velho que Christine, alto, loiro com o cabelo propositalmente bagunçado, sempre com aquele ar de diversão. Era simpático, esperto e inteligente. Ela sentia muito por ele, gostava muito dele e sabia que ele tinha grandes expectativas para aquele verão, mas ele provavavelmente teria uma grande decepção. Ela finalmente, depois de 17 anos, tinha conseguido se lembrar de todo o seu passado, e as conseqüencias tinham sido que ela havia ganho todo o seu antigo poder com isso. Ela ainda não sabia se gostava da idéia de Lorenzo envolvido com tudo aquilo, mas ela já o havia convidado quando se lembrara de sua outra vida.
- É realmente muito bonita! E ainda maior que a outra! Achei que aquela fosse a casa onde a gente ia ficar, mas era a do caseiro... Mas era uma casa de dois andares, gigante... Vocês...
- Não, não a gente não é tão rico quanto tu tá pensando. - Christine riu da expressão dele, mas riu daquele seu jeito gracioso. Não tinha deboche no seu riso. - A maior parte de tudo isso é herança mesmo, mas a gente vive bem, sim.
- Pombas, como é que tu pode estudar naquela escola de pé rapado? E ainda por cima ser tão... - Lorenzo a olhou de cima a baixo. - ... simples?
- O ensino é muito bom, se quiser saber. Eu gosto das pessoas de lá e não me dou muito bem com esses riquinhos que cercam a minha casa, são todos falsos. Eu realmente não gosto daquilo tudo. Pra mim é tudo fachada, da parte deles, sabe? E eu não sou tão simples assim.
- E modesta. Às vezes eu olho pra ti e penso ver asas de anjo...
- Sé... Sério?
- Pode até parecer loucura, mas é verdade. Ei, não precisa fazer essa cara tão surpresa. Eu não tô te cantando. É sério!
Christine se surpreendeu muito com o que ele tinha dito. Ela nunca tinha achado que seu passado era tão visível assim. É claro, ela agora sabia porque causava tanta admiração e inveja nas pessoas e porque afinal de contas era tão acima da média (podia até parecer pouca modéstia, mas era algo que saltava aos olhos), mas ela não achava que sua principal marca - as asas - fosse visível aos olhos de um humano comum. Ou talvez... era muito estranho o fato de que Lorenzo fosse o único a ter sobrevivido a uma tragédia... Não, não, não deveria ser. Apenas eram possíveis oito anjos na Terra simultaneamente e com certeza ele não era um dos milhares de demônios espalhados por aí. Aliás, ela se perguntava como o Éden pretendia ganhar aquela gue...
- Christine? Tudo bem?
- Hã? Ah, claro, claro.
- Tu tava com uma expressão tão séria... Tão... Sei lá...
- Eu tava só pensando.
Lorenzo sentou-se em um dos três troncos espalhados pelo enorme campo florido do sítio e ficou a observar. Christine sentou-se ao seu lado.
- É um lugar bonito... Bem como tu me disse...
- Sim, é lindo... E fica ainda mais lindo quando a gente anda de cavalo aqui. Eu posso te emprestar mais tarde um dos meus dois cavalos, o Christopher ou o Marcel.
- Qual o melhor?
- Não sei. Quando faço os dois correrem, sempre dá empate.
- Qual a grande diferença então?
- O Christopher é negro como a cegueira e o Marcel é branco como as nuvens.
- Suponho que teu favorito seja o Christopher?
- Como tu pode saber?
- Pelo nome. Christine, Christopher. Parece uma dupla perfeita.
- E é. Ele é lindo e um grande corredor. Não que o Marcel não o seja, mas o Christopher corre de um jeito mais gracioso... Mais macio. Não sei te explicar.
- Nem precisa. Cara, esse lugar é realmente lindo!
- É mesmo.
Christine parou para observar o lugar, pela milésima vez na vida. Ela nunca cansava de se olhar pra aquela paisagem. Um campo limpo, vasto e florido, com o pomar de maçãs - sua fruta favorita -, laranjas, goiabas, ameixas, amoras e muitas outras frutas ao fundo, acompanhados de um pequeno lago, que brilhava em seu verde esmeralda espelhado pelo sol. Mas, apesar de toda aquela beleza, aquele não era seu lugar favorito.
- Olha, vamo largar as malas lá dentro, depois eu vou te mostrar meu lugar favorito, é o canto ao ar livre mais lindo daqui.
- Tem um lugar mais bonito que esse campo? Meu deus. Deve ser realmente o próprio paraíso.
- É melhor.
***
Louis chegou no seu sítio. Estava com saudades. Mas esse verão as coisas seriam diferentes. Muito diferentes. A primeira coisa depois de se organizar era falar com Christine e descobrir se ela também recuperara a memória.
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