. Rosas & Lírios: o céu e o inferno entraram em guerra. As armas? Almas humanas.

Um blog que tem sempre uma história rolando. A história atual é Rosas & Lírios, um conflito entre o céu e o inferno pela liberdade e pela posse do universo.

My Photo
Name:
Location: Porto Alegre, RS, Brazil

O sol é minha enegia e o calor, meu combustível. O céu azul é meu sorriso mais eterno, e as penas de minhas asas foram esparramadas ao redor do teto do mundo; são as nuvens, às vezes brancas e puras, às vezes negras e corruptas. Não pude aprender a amar o frio, a noite ou a chuva - e no entanto, eles me amam mais que a tudo. E seus presentes são sempre as palavras.

Thursday, February 15, 2007

Capítulo IV - Explicações.

- Como assim não vou durar mais três meses?
- Olha, meu amigo, não faço nem idéia de quem tu é ou qual é teu nome, mas de uma coisa tu pode ter certeza: tu tá envolvido em uma guerra entre anjos e demônios, mais especificamente entre a elite do Centro e o Todo-Poderoso, na qual as armas mais usadas são as almas humanas. Tu é um humano, um mero e simples humano. Como tu pode sobreviver?
- Lúcifer, quer parar com isso? Ele está protegido por ti, - e Christine lhe lançou um olhar fulminante - pelo Louis e por mim. Ele pode sobreviver a essa guerra maluca e sem sentido.
- Sem sentido? - Louis levantou a voz - Christine, nós lutamos pelos nossos ideais! E não vem falar que a guerra é sem sentido, tu foi um das causadoras da guerra!
- Como tu pode dizer que nós lutamos pelos nossos ideais? Tu foi o único que...
- PÁRA! Eu não tô entendendo nada aqui...
- Hey, garoto, como tu te atreve a gritar comigo, o grande Lúcifer, e o pior, com Christine, que tá acima de mim?
- Lúcifer, não te mete. Levanta o dedo pra falar, só fala se prestar, e se eu te der permissão.
- Sim mamãe.
- E pára com essas piadinhas imbecis. Isso é sério.
- Sim mam... Desculpe. Desculpe! Não me mata! - Lúcifer se encolheu, Lorenzo riu.
- Tudo bem. É uma longa história. Tudo começa bem no início da criação...

Christine contou sobre o início dos tempos para Lorenzo, que estava boquiaberto. Quando ela finalmente chegou ao fim de toda a criação, Lorenzo olhou para ela, ainda um tanto confuso:

- Mas a criação do inferno não deveria ter resolvido todo o problema de as almas más incomodarem?
- Resolveu.
- Então porque da guerra?
- Calma. Eu avisei que a história era longa.
- Então continue por favor.
- O Lúcifer conhece essa parte da história melhor que eu. Por favor, Lúcifer.
- Tudo bem. Algum tempo depois de ter criado os anjos, Deus achou que esses precisavam de instrução, e começou a ensinar-lhes (até como passatempo) as coisas sobre a Terra, os humanos, o próprio Éden e sobre o inferno, que naquela época, por só ter almas que vagavam sem muita consciência da própria existência, era só inferno mesmo. Ganhou o apelido de Centro pelos estudantes, ou seja, os anjos. Ah, uma coisa: os anjos nascem de coisas parecidas com casulos com a forma de lírios, que ficam pendurados na Árvore da Vida. As almas humanas também se criam na árvore da vida, pra só mais tarde descerem e nascerem, aqui na Terra. O casulo das almas humanas tem a forma da Terra. Uma curiosidade pra todos os anjos que estudavam era também o maior mistério dessa árvore: os três primeiros casulos de anjo que foram criados, depois de oito anos terrestres, ainda não tinham se aberto. Oito anos terrestres é algo em torno de dezesseis anos celestes. Falando em termos terrestres, no oitavo dia do oitavo mês do oitavo ano de criação dos anjos, o primeiro casulo brilhou (como acontece com os casulos que vão abrir) e de lá de dentro saiu um anjinho muito pequeno, menor que o normal até, mas muito, muito bonitinho. A única palavra pra descrever aquele anjinho era perfeito. Todos os anjos se encantaram com ele, mas mais se encantou o próprio Deus. Era um anjinho de cabelos bem pretos, meio arrepiados, os olhos azuis como o céu visto da Terra, em fenda, com um corpinho muito bonitinho e uma carinha simplesmente linda. E Deus deu um nome pra esse pequeno: Lúcifer - nascido da luz. Lúcifer passou a morar na Torre: a moradia de Deus. Era um menininho esperto e muito querido por todos os anjos e todas as almas humanas que migravam pro Éden depois da morte. No ano nove, o segundo casulo brilhou e abriu. Dali nasceu um anjinho também muito bonitinho, com o cabelo também bem preto mas arrumadinho, os olhos também azuis, com o físico mais fortinho que o de Lúcifer, e com uma expressão já bem séria. Lúcifer imediatamente achou que aquele anjinho era por certo muito parecido com ele, e que os dois poderiam ser bons amigos. Deus também simpatizou com esse, e lhe deu o nome de Louis, e também o levou pra morar na Torre.
- Lúcifer, posso continuar um pouquinho?
- Por favor, Louis. Já tô com a garganta seca.
- Eu vou continuar na mesma linha de narrativa do Lúcifer, pra não te confundir, Lorenzo. Agora, só faltava um último casulo, que todos esperavam com uma ansiedade muito grande. Ao longo do tempo, Lúcifer foi se tornando um menino bem humorado mas que aprontava bastante, e o Louis virou uma espécie de "freio" pra ele. Era estranho o fato de que os dois não cresciam muito, porque os anjos cresciam bem rápido em termos de tempo terrestre. Quando era perguntado pra qualquer dos dois se eles não queriam crescer logo, eles sempre respondiam que faltava a luz. Todos ficavam muito intrigados com isso, inclusive o próprio Deus. Mas eles nunca explicaram nada sobre isso. Um dia antes de completar o décimo dia, do décimo mês, do décimo ano da criação dos anjos (ou seja, da colocação dos primeiros casulos na Árvore da Vida), Louis e Lúcifer se recusaram a dormir na Torre e passaram não somente o dia, como a noite inteira debaixo da Árvore da Vida. Quando o décimo ano se completou, o último casulo restante brilhou mais que qualquer outro que já tivesse brilhado. Quando aquele brilho todo finalmente se dissipou...
- Com licença, disso eu me lembro muito bem. Posso?
- Claro, Christine.
- Quando a luz finalmente se dissipou, a decepção ficou marcada no rosto de todos os anjos. Todos eles ficaram chocados com o que saiu daquele casulo. Não era nomal. Não ali.