. Rosas & Lírios: o céu e o inferno entraram em guerra. As armas? Almas humanas.

Um blog que tem sempre uma história rolando. A história atual é Rosas & Lírios, um conflito entre o céu e o inferno pela liberdade e pela posse do universo.

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O sol é minha enegia e o calor, meu combustível. O céu azul é meu sorriso mais eterno, e as penas de minhas asas foram esparramadas ao redor do teto do mundo; são as nuvens, às vezes brancas e puras, às vezes negras e corruptas. Não pude aprender a amar o frio, a noite ou a chuva - e no entanto, eles me amam mais que a tudo. E seus presentes são sempre as palavras.

Thursday, February 15, 2007

Capítulo V - Passado.

Christine abaixou a cabeça com um tom pesaroso e um silêncio inquietante desceu sobre as cabeças de todos os presentes. Louis e Lúcifer pareceram querer dizer alguma coisa. Lorenzo, curioso, interrompeu o silêncio:

- O que afinal de contas saiu do casulo?
- Eu te corrigiria e diria quem, mas na época foi uma coisa mesmo. - Louis e Lúcifer olharam Christine com uma expressão que Lorenzo confundiu com pena - As almas humanas e os anjos não sabiam muito bem o que pensar, mas se podessem dizer alguma coisa, eles diriam: aberração. Não foi o que disseram os dois anjinhos queridos do Éden. Os olhos dos dois se iluminaram tanto quanto o casulo que acabara de abrir, os dois correram até a "coisa" e gritaram, felizes, que ela era a luz. Deus olhou para aquele anjo tão diferente e sorriu. O anjo tinha todo o aspecto de uma menininha: cabelos longos e negros, cacheados, olhos verdes em fendas e calmos, a pele nem muito branca nem muito escura, o corpo de uma menina de seus oito anos de idade, que era, em termos terrestres, a idade que se daria aos anjinhos. Lúcifer e Louis abraçaram-se na rescém nascida e sorriram mais radiantes do que nunca. Mas as almas humanas e os outros anjos (que tinham todos o aspecto de homens) ainda achavam que ela era algo como uma aberração, um demônio. Isso era perfeitamente visível no olhar deles. Todos tremeram de medo quando a anjinha (porque ela também tinha asas brancas e a marca do lírio) levantou as duas mãos, achando que ela podesse fazer mal às suas crias queridas, mas tudo que ela fez foi colocar as duas mãos sobre as cabeças dos dois, em um gesto de proteção. Deus sorriu e pegou as duas mãos da pequena, dando-lhe o nome de Christine. E apesar da surpresa de todos, ela também foi morar na Torre. Dessa forma os três começaram a crescer, coisa que não acontecera até agora. E Christine também acabou por conquistar a confiança dos homens e dos anjos. E quando o coração de todos tinha se aberto para as anjas, outras mulheres começaram a nascer como anjos. Lúcifer era dos três o mais belo e brincalhão; Louis era a personalização da seriedade; Christine era a inteligência e o sentimento materno, e foi assim que cuidou dos dois amigos, apesar de os dois serem mais velhos que ela. Quando algum dos dois tinha medo, ou se feria, ou se entristecia, vinham logo até ela, que sempre os abraçou e os envolveu com suas asas brancas, tão brancas como a própria pureza.
- A Christine foi a luz das nossas vidas, - e embora o Lúcifer, por ser o primogênito, fosse o favorito do Senhor, ela sempre foi mais forte que nós dois juntos. E era meio mãe, meio irmã, meio amiga. Não vá pensar, por causa disso, que ela não aprontava das dela também, ou não aprontava com a gente. Nosso maior passatempo era sentar nas nuvens e olhar os humanos, andando lá em baixo, fazendo as suas coisinhas; todos nós tínhamos uma ternura muito grande por tudo aqui em baixo. Nosso maior sonho era, quando fôssemos já maiores, "adultos", como se diz aqui na Terra, sair viajando pela Terra e ajudando os humanos a realizar seus maiores sonhos e fazer suas maiores descobertas.
- E vocês agora tão realizando esse sonho?
- Não. - Lúcifer tomou lugar na narração e se tornou mais do que sério - Nosso sonho foi impedido por dois fatores: Deus e os humanos. Mais Deus do que os humanos, diga-se de passagem.
- Como assim?
- Houve uma briga. Na nossa época de "adolescentes", os homens começaram a matar em nome de Deus e nós, os três anjos que mais amavam os humanos lá no Éden, nos revoltamos com isso. O primeiro a perceber a gravidade da situação fui eu. Eu discuti com Deus, e o Michael, que era um puxa-saco de primeira mão, me hostilizou e lutou comigo. Deus, que não estava em um dos seus melhores dias, resolveu ajudar o Michael quando ele tava prestes a perder pra mim, e eu fui atirado ao Centro.
- Depois, foi a minha vez. - Christine levantou a cabeça pela primeira vez desde que Lúcifer começara a falar. - Eu sabia que o Lúcifer tinha razão quanto aos humanos e quanto a inércia de Deus, então eu resolvi falar com ele, mas com calma. Eu não sou muito de perder a calma, então achei que eu talvez podesse convencer o Todo Poderoso a (pelo menos) deixar o Louis e eu descer e ajudar as pessoas. Eu não falei nada sobre o Lúcifer, porque o Senhor, em um ataque de fúria, tirou dele as asas e a marca do lírio, (coisas que não podem ser revertidas e que pra anjos normais são mortais) e o mandou direto pro Centro. Eu comecei a me irritar com o que Deus dizia, mas ao invés de ele fazer comigo o mesmo que fez com o Lúcifer, ele simplesmente me expulsou da Torre. Eu fugi do Éden e fui pra Terra, contra todas as regras e todas as ordens. O Lúcifer soube disso e subiu, me levou pro Centro e me mostrou que tinha criado asas próprias, semelhantes às asas de um animal que os humanos chamavam de morcegos. O Lúcifer também me contou que algumas almas iam pro Centro injustamente, mas essas poderiam ser recuperadas caso um anjo ouvisse todos os seus pecados e o abençoasse. Óbviamente, eu servia a esse propósito, então por isso não desisti de ser um anjo. Ao longo do tempo outros anjos se rebelaram e tiveram as asas e a marca confiscados pra sempre. Então esses anjos vinham até o Centro, e ganhavam novas asas e uma marca nova: a rosa.
- Mas por quê a rosa é o símbolo do inferno?
- Porque foi uma flor que o Lúcifer criou. Ele estava brincando, um belo dia, no Éden, e resolveu fazer uma flor diferente, e criou a rosa vermelha, pra representar o amor e a ligação de sangue que dois amantes tem. As rosas foram criação do Lúcifer.
- Não foram uma simples criação minha. Foram presentes pra ti. - Louis pareceu bastante irritado com essa afirmação.
- Essa parte não vem ao caso.
- É por isso que as rosas são tuas flores favoritas?
- Não. Elas são minhas flores favoritas porque são o símbolo não somente do amor, mas porque são o símbolo do meu povo.
- Mas não é o Lúcifer que é o grande imperador?
- Forçosamente. - Lúcifer fez uma cara contrariada - Os anjos caídos não gostam de mim porque eu supostamente levei a Christine à queda, e as almas humanas não gostam de mim porque pensam que eu não ajudo elas por não querer. Foi a Christine que me declarou imperador do Centro, não eles.
- Eu não poderia cuidar de tudo lá dentro; eu só posso dar as bênçãos, e também fiz a promessa de guiar os anjos em uma possível guerra, mas não tenho capacidade de cuidar de brigas ou dar asas e marcas pra todos os anjos que desertam do Éden.
- Me sinto mais esclarecido. Mas eu ainda não entendo uma coisa...
- O quê? - Lúcifer parecia irritado por não poder se livrar de tudo aquilo de uma vez. Christine lhe fulminou com o olhar.
- Não entendo o porquê de o Louis e o Lúcifer não se darem bem, se eles eram amigos de infância.
- Essa também é uma longa história, que eu conto outro dia pra ti. Agora eu preciso que o Lúcifer volte pro Centro e avise meu povo que em breve eu vou descer e organizar todos e também preciso começar a treinar vocês dois. - Christine apontou pra Louis e Lorenzo. - Vocês precisam saber se defender, e eu quero o Louis como meu comandante no exército, então é bom que vocês se puxem muito, nós temos uma guerra pela frente.
- Olha, Christine, eu não acho que seja uma boa idéia... - Christine interrompeu Louis e se virou pra Lucifer:
- Lúcifer, te manda, já! As coisas aqui em cima eu posso resolver sozinha.
- Sim senhora.

Lúcifer abriu um novo buraco negro, só que desta vez o buraco tinha a forma de uma cruz invertida. Christine riu disso.

- Como tu é desaforado.
- Ah, qual é, Ele me expulsa de lá de cima sabendo que eu tenho razão e não espera que eu implique com ele de vez em quando? Haha, sonhou. Fui! - E sumiu na cruz.
- Treino. Primeiro com cavalos. Eu vou ficar com o Christopher, o Louis fica com o Marcel e o Lorenzo escolhe um dos cavalos do meu pai. Nenhum deles tem nome ainda, tu pode fazer isso por mim, Lorenzo.
- Ok.